domingo, 11 de abril de 2010

Geografia




Tentei ao máximo segurar essa postagem para não parecer tendenciosa. Sendo niteroiense e estudante de Geografia é delicado falar da situação das chuvas do Rio de Janeiro.
Até quando fenômenos naturais em potência elevada podem servir como justificativa para escorregamentos de terra (eis a palavra correta), alagamentos, árvores caídas etc?
Não sei exatamente como é a situação do Rio, mas aqui em São Paulo desde 2004 a Defesa Civil não faz registros dos escorregamentos. Impressionante, não? Pior ainda se pensarmos que sem documentos fica quase impossível a realização de estudos sobre áreas de risco.
As obras de urbanização em morros (algo contestável, pois se não fizessem igualmente reclamariam, apesar de serem obras para formar um curral eleitoral) e a falta de educação e/ou preguiça do povo em jogar lixo no local correto são “apenas” agravantes para as catástrofes presenciadas nessa semana.
A televisão mostra como se fosse simples deslocar comunidades de um canto a outro – e realmente pode ser, a exemplo da Cidade de Deus ou quando realizam desabamentos para a construção de aterros. Entretanto, pela falta de estrutura e pela localização onde geralmente constroem essas novas casas, o risco de que volte a ter uma população no morro desocupado é enorme. As autoridades só fazem tal obra quando ela se torna rentável.
A ocupação dos morros no Brasil é fruto da história e, por tal razão, muitas vezes a damos um tratamento romantizado. Favela não é um local apropriado para se viver. Violência e falta de saneamento só são bonitos em novelas e filmes.
Enfim, só espero que nos próximos anos as cidades Sorriso e Maravilhosa possam fazer honra aos apelidos e que levem mais a sério o possível trabalho de geógrafos, meteorologistas, engenheiros, etc. Fundos de Vale e encostas não são locais para moradia sem planejamento.

Um comentário:

  1. Maíra, sempre tô entrando no seu blog. Os posts são geniais. Parabéns!

    ResponderExcluir